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Já ouvir falar em efeito placebo?

Já ouviu falar no efeito placebo? Os pesquisadores conseguiram identificar quais áreas cerebrais estão relacionadas ao efeito placebo e também se um indivíduo está mais susceptível ao efeito placebo ou não, usando ressonância magnética funcional (sigla em inglês fMRI). Ou seja, algumas pessoas são mais susceptíveis a acreditar que algo irá lhe fazer bem e apresentar melhora de fato.

O placebo é um medicamento/droga com mesma característica, mas sem o princípio ativo.

O placebo foi descoberto nos testes clínicos farmacológicos. Por exemplo, para testar o quanto uma droga pode induzir a analgesia (diminuir a dor), um grupo de pessoas tomava a droga e o outro grupo, chamado de controle, achava que tomava a droga (é ofertado algo com as mesmas características, mas sem o princípio ativo estudado, chamado de placebo). Os pesquisadores começaram a perceber que as pessoas que acreditavam ter tomado a droga apresentavam efeito muito semelhante a quem, de fato, tomou a droga. Isto ficou conhecido como efeito placebo e costuma acontecer em casos de dor crônica e distúrbios neurológicos.

O artigo publicado em outubro de 2016 de pesquisadores de Chicago, nos Estados Unidos, buscou investigar quais áreas cerebrais estão relacionadas ao efeito placebo. Ou seja, quais áreas são ativas quando você acredita que algo irá lhe fazer bem. Para isso eles utilizaram ressonância magnética funcional (sigla fMRI em inglês) e observaram se a quantidade de oxigênio no sangue (sigla BOLD em inglês) aumenta quando a pessoa ingeria a pílula de placebo. Ao aumentar a quantidade de oxigênio no sangue de uma região cerebral temos uma medida indireta de que aquela região está mais ativada.

Ilustração de um aparelho de ressonância magnética

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Há quem questione que o efeito placebo exista e justifica os resultados encontrados em alguns estudos que mostram o efeito placebo seja, na verdade, causado por um desenho experimental ruim.

Como acredita-se que o efeito placebo aconteça nas áreas do sistema nervoso que estão relacionadas à expectativa e às experiências passadas, os pesquisadores propuseram que algumas pessoas podem ser mais suscetíveis do que outras ao efeito placebo, baseado em suas experiências passadas e expectativas. Entender como o efeito placebo acontece permitirá que se desenvolva um tratamento mais personalizado no futuro e foi essa a motivação dos pesquisadores.

O estudo foi dividido em algumas partes. Primeiro buscaram identificar se havia alguma região cerebral que era ativada antes de se iniciar os testes clínicos, indicando que o efeito placebo é um processo pré-determinado pelo cérebro a partir da característica biológica de cada pessoa (o que a pessoa viveu, como ela processou suas informações).   Depois os pesquisadores fizeram um modelo para prever a resposta de cada pessoa e de fato realizaram os testes clínicos (dar a droga e o placebo para os participantes).

Os participantes do estudo eram indivíduos com osteoartrite que apresentavam dor, eles não sabiam a qual grupo iriam pertencer (se iriam receber a droga ou se iria receber o placebo) e as pessoas que davam a instrução também não sabiam qual o grupo que estavam falando.

Na primeira parte eles conseguiram identificar quais áreas cerebrais eram ativadas a partir da característica de resposta ao efeito placebo. Os participantes foram divididos em dois grupos, os responsivos ao efeito placebo que tinham uma diminuição da dor em 20 % aproximadamente e quem não respondia ao efeito placebo. As pessoas que respondiam ao efeito placebo apresentavam uma alteração de ativação de do giro frontal medial direito de forma mais significativa e em outras regiões de forma menos significativa, no córtex cingulado posterior, córtex cingulado anterior, córtex somatosensorial secundário direito e córtex motor primário .

Eles conseguiram identificar a maior ativação do giro frontal medial direito que serve como um neuromarcador que a pessoa estará mais susceptível ao efeito placebo.

Ou seja, algumas pessoas são, de fato, mais susceptíveis ao efeito placebo do que outras devido ao seu padrão único de ativação cerebral. Essas descobertas poderão ajudar a tornar as pesquisas mais eficientes ao retirar das pesquisas as pessoas mais susceptíveis ao efeito placebo. Também será possível ajudar melhor a dose do medicamento (diminuindo) caso a pessoa seja mais susceptível ao efeito placebo, personalizando o tratamento.

O efeito placebo é real e produz uma melhora nos sintomas ao tomar um medicamento inócuo (uma pílula de açúcar igual a um remédio, mas sem o princípio ativo). E, infelizmente, o seu contrário também é verdadeiro, o efeito nocebo: acreditar que algo irá lhe fazer mal e sentir os efeitos negativos daquilo que você acredita. O efeito nocebo é normalmente mais presente em pessoas que apresentam a catastrofização e é possível que exista uma organização distinta no cérebro nas pessoas que costumam apresentam mais catastrfização.

Referência:

TÉTREAULT, P. et al. Brain Connectivity Predicts Placebo Response across Chronic Pain Clinical Trials. PLOS Biology, v. 14, n. 10, p. e1002570, 27 out. 2016.

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