Condromalácia patelar (também conhecida por condropatia = doença da cartilagem) é uma doença que acomete a cartilagem da patela, osso da parte da frente do joelho. A cartilagem passa por um processo de amolecimento, seguido de formações de fissuras e então se inicia um processo de erosão / destruição da cartilagem.
A patela é um osso triangular que se encaixa no fêmur formando a articulação femoropatelar, clique aqui para conhecer melhor essa articulação.
É uma doença que pode acometer um grupo variado de pessoas, desde adolescentes, esportistas até os idosos. Por ser comum em corredores, as vezes é também denominada como doença do corredor.
Os sintomas que uma pessoa apresenta são:
- Dor anterior no joelho – pode ser em volta ou atrás da patela
- Dor ao subir e descer escadas, rampas, saltos, agachar, correr
- Dor após longos períodos sentados com o joelho dobrado (como quando você vai ao cinema)
- Crepitação (barulho de “areia” ao esticar e dobrar o joelho) que pode ou não ter dor
- Inchaço após atividade física
É uma patologia que pode começar e ir se agravando ao longo do tempo ou pode começar após um trauma no joelho. É possível classificar em diferentes graus:
- Grau I – Alteração mínima, amolecimento local, crepitação, cansaço pode ter inchaço.
- Grau II – Área com fibrilação ou fissuras (superfície irregular), incomodo na atividade física e situações da vida diária
- Grau III – Fibrilações definidas, fissuras até o osso condral; evitar atividades por sentir incômodo
- Grau IV – Desgaste intenso, osso subcondral exposto (pode ter dor incapacitante).
Infelizmente a causa exata continua desconhecida. Sabemos que existem alguns fatores de risco que favorecem a uma sobrecarga biomecânica e podem favorecer o processo de degeneração da cartilagem, são eles:
- Alterações anatômicas – Côndilos menores, tróclea mais rasa
- Mau alinhamento ósseo após fraturas
- Luxação / Subluxação da patela – a patela sai da tróclea
- Déficits neuromusculares – hipotrofia (falta de força) em músculos como vasto medial, adutores, glúteos e musculatura de tronco ou hipoativação dessa musculatura quando necessária
- Excesso de pressão lateral por contratura do trato iliotibial
- Excesso de peso
- Lesões de outros tecidos como menisco ou ligamento cruzado posterior
- Alteração em membros inferiores como pronação do pé, joelho valgo, patela alta/baixa, torção da tíbia para lateral
- Outras doenças que atuem nas articulações de forma sistêmica como artrite reumatoide, sinovite periférica
- Infiltrações / injeções dentro da articulação
- Imobilização por tempo prolongado
- Sexo feminino e alterações hormonais
Não há receptores de dor (nociceptores) na cartilagem articular. Assim é possível que uma pessoa perca a cartilagem e não perceba. Essa dor anterior de joelho pode ser explicada pela sobrecarga biomecânica de algumas atividades (maior pressão da patela em direção ao osso da perna- fêmur- ao agachar, por exemplo) devido à perda da cartilagem, que funciona como um amortecedor e pelo processo de degeneração que acaba afetando os outros tecidos em volta (membrana sinovial, tendões, ligamentos, osso subcondral).
A condromalácia é uma doença que pode ser colocada dentro do espectro das Síndromes da dor femoropatelar ou patelofemoral. Na prática, isso significa que nem toda a dor anterior de joelho acontece por conta da condromalácia, que a condromalácia está dentro do espectro da síndrome da dor patelofemoral, mas nem todas as pessoas que tem a síndrome tem condromalácia.
Síndrome – um conjunto de sinais e sintomas de uma ou várias doenças ou condições clínicas, independente da etiologia que as diferencia.
Tratamento
Como a cartilagem não possui potencial de cicatrização, o dano no tecido condral é, muito provavelmente, irreversível. Assim o tratamento deve ser iniciado o mais brevemente possível para diminuir a progressão da doença. Uma parte importante do tratamento é a identificação dos fatores de risco e alteração dos mesmos, caso seja possível.
O tratamento conservador consiste na elaboração de um protocolo de reabilitação pelo fisioterapeuta para diminuir a dor e auxiliar no controle do processo inflamatório das estruturas afetadas pela sobrecarga. Em seguida é realizado um trabalho de fortalecimento, melhora da ativação muscular e tempo de resposta. Para isso pode ser usado diferentes estratégias de exercícios, treino proprioceptivo e de reeducação postural.
Caso seja identificado, por exemplo, um excesso de tensão no trato iliotibial, um recurso interessante é realizar a liberação miofascial daquela região.
A diminuição de peso também tem se mostrado eficiente como estratégia de controle da dor anterior de joelho.
É possível incluir como estratégia de tratamento a suplementação de glucosamina e condroitinia, mas infelizmente há poucas evidências que haja, de fato, um efeito significativo da suplementação.
O tratamento cirúrgico pode ser uma alternativa depois de que o tratamento conservador tenha sido realizado, sem melhora do quadro, por pelo menos 6 meses. Existem diferentes técnicas cirúrgicas que podem ser usadas, mas a real eficácia delas ainda é questionável na literatura científica.
Dicas
Procure um bom profissional para lhe auxiliar no processo de reabilitação
Invista em uma rotina de exercícios